quinta-feira, 2 de junho de 2011

Política, futebol e religião não se discute. Será?

Quem ainda não ouviu a frase que dá título a esse texto? Acredito que todas as pessoas um dia já ouviram alguém falando tal coisa, isso se você mesmo, leitor desse texto já não pronunciou essa frase em algum momento da sua vida. Muitas pessoas pensam que não se envolver com certos temas polêmicos da sociedade é se livrar de problemas, porém essas pessoas estão enganadas, não se envolver nesses temas significa entrar em muitos problemas que só depois irão descobrir que foram causados pela omissão da opinião pública.

Não existe ser (a)político. O ser humano por natureza é um ser social e para viver em sociedade é preciso fazer política. Sem perceber fazemos política a política da boa vizinhança para não ter problemas na rua em que moramos, os casais tem um política de convivência, pois sem ela os casamentos acabariam em tempo recorde. Até agora não falamos da política partidária, isso é outro nível de política.

O objetivo até aqui é demonstrar que estamos o tempo todo fazendo política, nos mais diferentes níveis e ambientes. Mas o que é mesmo política? Segundo Rocha (1996, p. 482) “Política é um ramo das ciências sociais que trata da organização e do governo dos estados”.

Isso significa que a ausência da política na sociedade causaria uma desordem social. Assim a ordem social é uma ordem política, toda e qualquer decisão que tomemos na sociedade é uma decisão política, mesmo que o indivíduo não tenha consciência disso. Não existe livre arbítrio agimos da maneira que a política vigente nos permite agir. Emile Durkhame afirma que a sociedade é coercitiva, ela força as pessoas a tomar decisões na vida, sem que a pessoa perceba que está fazendo isso por pressão social, oriunda da política vigente na sociedade em que se vive.

Durante as discussões na disciplina Políticas Públicas questionei-me sobre o título da disciplina. Por que se faz necessário discutir políticas públicas se a própria palavra política na sua origem já diz respeito a cidade, a sociedade ou seja ao público. A citação abaixo reforça a minha indagação sobre a necessidade de se criar dentro da política uma pasta chamada de políticas públicas.



O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana (OLIVIERE, 2011, p.1).



Com base na citação acima todo ato político é uma ação em prol do bem comum ao menos deveria. Então o que está acontecendo com os nossos representantes que eles não tem feito política e, se eles não fazem política o que será que eles estão fazendo em Brasília? A palavra que melhor define o que os nossos vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores estão fazendo é “Politicagem”. De acordo com Rocha (1996, p. 482), “politicagem é o desvirtuamento dos conceitos ou métodos da política em benefício pessoal ou de um grupo.”

Agora fica claro que os nossos políticos não estão representando o povo em Brasília, mas sim grupos econômicos, os quais muitos dos políticos fazem parte. Isso quando não estão legislando em benefício próprio, como por exemplo aumentar o próprio salário em mais de 100%. Precisamos discutir política para poder ter conhecimento do nosso papel e do papel dos nossos representantes, é preciso saber que quando não assumimos uma posição diante de um problema social, alguém decide por nós e, na maioria das vezes, essa decisão não é em beneficio da maioria da população, mas sim, em beneficio da minoria que financia as campanhas políticas.

Nossos políticos deveriam legislar em prol do povo e não dos seus interesses particulares ou em prol de grupos particulares. Rocha afirma que político é um adjetivo “relativo aos negócios públicos”. Uma das formas de combater isso é politizar o público, entendemos politizar nesse texto como “transmitir a uma classe social ou a alguém a consciência dos seus direitos e deveres políticos” (ROCHA, 1996, p. 482).

Um dos principais veículos de comunicação utilizados como um instrumento de alienação da população é a televisão, grandes grupos econômicos dominam a concessão para explorar os canais de televisão, esse grupos veiculam em suas emissoras de televisão as informações que querem e com isso fazem a população acreditar no que eles querem que o povo acredite, as imagens são editadas, os textos são produzidos com o objetivo de convencer a quem os ouvem e a programação é feita para empobrecer culturalmente a população.

A grande discussão do momento é a T.V. digital. Observa-se o uso incorreto do termo digital, o que é digital não é a televisão, mas sim a transmissão do som e da imagem de determinado canal de televisão. Vocês podem estar se perguntando onde é que a política entre nisso. A política é o ponto chave desse processo, uma vez que o Brasil teve que escolher entre três tipos de sistema de transmissão digital, nossos representantes públicos escolheram o modelo japonês, justo o sistema em a maior parte dos gastos para sua efetivação recai sobre o usuário final, que é claro somos nós. O modelo japonês aproveita toda tecnologia já investida pelas emissoras de televisão, cabendo ao usuário final se adequar ao novo sistema.

Quem será que fez a escolha do sistema japonês? Os nossos representantes públicos fizeram a escolha e é claro escolheram agradar aos interesses privados e não ao que define o termo político que é o interesse público. Os políticos dizem que a população foi consultada sobre o melhor modelo a ser adotado pelo Brasil. O pior é que ouve realmente uma consulta, o problema é que os donos dos veículos de comunicação não tinham interesse em divulgar tal questão. Será que as nossas universidades não são capazes de produzir um sistema brasileiro de transmissão digital de áudio e vídeo? Será que não seria mais vantajoso para o país ter desenvolver esse sistema com tecnologia nacional? Essas são questões que os nossos políticos precisam responder para a população.

A grande propaganda da chamada “TV digital” é a tão badalada interatividade, porém a decisão pelo modelo japonês jogou por terra essa possibilidade, pois ele privilegia apenas alta definição de som e imagem, mas deixa a desejar sobre a interatividade, justo ela que daria a possibilidade de comunicação em tempo real, uso de recursos da internet, flexibilidade de escolha de canais, possibilidade de produção de vídeos e disponibilização deste na programação. É claro que isso não é do interesse dos grupos que dominam a os canais de televisão, que fazem da televisão uma arma pronta para defender seus interesses contra tudo e contra todos.

Vamos permanecer sentados com o controle remoto na mão zapiando por canais que apresentam as mesmas besteiras que só aliem a população enquanto que o pouco que serviria para alguma coisa para a classe trabalhadora passa em um horário onde ninguém tem condições de assistir, como é o caso dos programas que fornecem formação de para estudantes do ensino fundamental e médio ou ainda os programas que apresentam as pesquisas produzidas pelas grandes universidades do país.

Termino aqui essa pega discussão com desejo de levar esse temática a fundo e gritar uma para os quanto cantos do país uma frase do “vamos nos politizar” para assim mudar a cara desse país.



REFERÊNCIAS



OLIVIERE, Antônio Carlos. O que é política. Disponível em: http://pt.shvoong.com/social-sciences/political-science/1636126-que-%C3%A9-pol%C3%ADtica/. Acesso em: 07 de maio de 2011.

ROCHA, Ruth. Minidicionário. São Paulo. Scipione. 1996.